Meu tio precisou de sangue numa sirurgia boba e após receber contraiu hepatite B. As doações são feitas por pessoas pobres, voluntários suspeitos de enfermidades e bêbados de ruas. Um perigo para todos. Mas se fosse bem pago até eu iria doar com prazer. Qual sua opinião?
Muito pelo contrário, doação de sangue não é paga de jeito algum.É exatamente por isso que se chama “doação”, é um ato altruísta e, no máximo, hopitais e bancos de sangue oferecem um lanche, ou há iniciativas como pagar meia-entrada em cinemas para doadores de sangue. Novamente, grande parte das doações não provém das camadas economicas mais baixas; vem justamente de profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, auxiliares), estudantes (em nosso “trote” de medicina, fizemos nossos calouros/bichos doarem seu sangue, tanto para conscientização quanto para ajudar a falta de sangue nos bancos), funcionários de empresas com muitos contratados (geralmente há incentivo por parte da empresa) e familiares de pessoas que necessitam de cirurgia.
Outro ponto, o sistema de saúde simplesmente não pode pagar, muito menos pagar bem para doadores de sangue, pois já recebe menos de 25% do que deveria receber, como previsto na Constituição e Atos Adicionais.Se ja há um déficit enorme de profissionais, salários mal pagos, poucos remédios…imagine se ainda pagassem pelo sangue?Ao invés disso, pense na cirurgia que você pode precisar fazer um dia, e doe com prazer seu sangue, já que um dia alguém que fez isso pode salvar sua vida.Se doar sangue fosse algo bem remunerado, aí sim é que haveria uma chuva de pessoas de baixa renda querendo doar sangue, pois seria uma renda complementar mensal de forma semelhante às bolsas assistenciais.
Mas, de fato, deve haver um controle mais rígido para o sangue que é armazenado; hoje em dia se dá muita atenção à AIDS, mas as pessoas esquecem-se da existência de outras DST’s ou doenças em que há a possibilidade de se contrair via transfusão sanguinea, algo inadmissível no campo da saúde.
Até se pode, mas o nome deixa de ser DOAÇÃO e passa a chamar VENDA de sangue. Nesse caso não faz sentido vender “partes” do próprio corpo. Passa a ser um fator desumano e capitalista. Muitos que sofrem acidentes e precisam de sangue mesmo que a operação fosse gratuita, teriam de pagar pelo sangue que recebeu. Imagina se uma pessoa resolve vender um de seus pulmões ou um de seus rins? Não sei se é possível viver com um só pulmão mas já ouvi dizer de casos de pessoas sobrevivendo com um só rim. Imagina só uma pessoa sã vendendo uma de suas córneas. Acaso doasse seria um caso de amor, mas vender?
O fato do seu ente ter contraído hepatite B de um sangue recebido passa a ser um problema não da pessoa que de bom grado doou e sim dos patologistas que não analisaram a amostra devidamente e assim, o causador da contaminação podem ser tão diversos e até podem absolver essas pessoas que fizeram as análises e a operação. Quem sabe se seu ente já não tinha um princípio de hepatite e com o problema de saúde que necessitou da cirurgia a hepatite se manifestou.
Outra coisa: uma “cirurgia boba” que precisa de transfusão CERTAMENTE não é uma cirurgia boba.
A minha opinião é: Doem, doem mais sangue pois ontem foi seu tio. Amanhã pode ser qualquer um de nós. Espero que nunca chegue meu dia e nem o dia de quem lê essa resposta (opinião).
Forte abraço