Hello,

Para realizar o cadastro, você pode preencher o formulário ou optar por uma das opções de acesso rápido disponíveis.

Welcome Back,

Por favor, insira suas informações de acesso para entrar ou escolha uma das opções de acesso rápido disponíveis.

Forgot Password,

Lost your password? Please enter your email address. You will receive a link and will create a new password via email.

Captcha Click on image to update the captcha.

You must login to ask a question.

Please briefly explain why you feel this question should be reported.

Please briefly explain why you feel this answer should be reported.

Please briefly explain why you feel this user should be reported.

PergunteAqui Latest Questions

  • 0
Anônimo(a)

Alguém tem o texto da crônica de Rubem Braga A BORBOLETA AMARELA A QUE PARTIU, ou sabe onde posso encontrá-lo?

Alguém tem o texto da crônica de Rubem Braga A BORBOLETA AMARELA A QUE PARTIU, ou sabe onde posso encontrá-lo?

You must login to add an answer.

1 Answer

  1. Aqui está a crônica:
    A BORBOLETA AMARELA A QUE PARTIU

    É uma doçura fácil ir aprendendo devagar e distraidamente uma língua. Mas às vezes acontece uma coisa triste, e a gente sem querer a que a língua é que está errada, nós é que temos razão.
    Eu tinha há muito, na carteira, o número do telefone de uma velha conhecida, em Paris. No dia seguinte ao de minha chegada disquei para A voz convencional e gentil de uma concierge respondeu que ela estava. Perguntei mais alguma coisa, e a voz insistiu:
    – Elle n`est pas là, monseur. Elle est partie.
    Eu não tinha grande interesse no telefonema, que era apenas cordial. Mas o mecanismo sentimental de uma pessoa que chega a uma cidade estrangeira é complexo e delicado. Eu esperava ouvir do outro lado aquela voz conhecida, trocar algumas frases, talvez combinar um jantar “qualquer dia destes”. Daquele número de telefone parisiense na minha cara eu fizera, inconscientemente, uma espécie de ponto de apoio; e ele falhava.
    Então me deu uma súbita e desrazoável tristeza; a culpa era do verbo. tinha “partido”. Imaginei-a vagamente em alguma cidade distante, perdida no nevoeiro dessa manhã de inverno, talvez em alguma estação Irlanda ou algum hall de hotel na Espanha. Não, sua presença para n não tinha nenhuma importância; mas tenho horror de solidão, fome criaturas, sou dessas pessoas fracas e tristes que precisam confessar, diante da auto-suficiência e do conforto íntimo das outras: sim, eu preciso pessoas; sim, tal como aquele personagem de não sei mais que comédia americana, I like people.
    E subitamente me senti abandonado no quarto de hotel, porque havia partido; esse verbo me feria, com seu ar romântico e estúpido me fazia pobre e ridículo, a tocar telefone talvez com meses ou anos atraso para um número de que ela talvez nem se lembrasse mais, como talvez de mim mesmo talvez nem se lembrasse e se alguém lhe dissesse meu nome seria capaz de fazer um pequeno esforço, franzindo as sol celhas:
    – Ah, sim, eu acho que conheço…
    Mas a voz da concierge queria saber quem estava falando. E meu nome. E me senti ainda mais ridículo perante aquela coucierge desconhecida, que ficaria sabendo o segredo de minha tristeza, conhecendo existência de um Mr. Braga que procura pelo telefone uma pessoa partiu.
    Mela hora depois o telefone da cabeceira bateu. Atendi falando francês, atrapalhado – e era a voz brasileira de minha conhecida. Estava em Paris, pois eu não tinha telefonado para ela agorinha mesmo? voz me encheu de calor, recuperada assim subitamente das brumas distância e do tempo, cálida, natural e amiga. Tinha “partido” para fazer umas compras, voltara em casa e recebera meu recado; telefonara para amigo comum para saber o hotel em que eu estava.
    Não sei se ela estranhou o calor de minha alegria; talvez nem te notado a emoção de minha voz ao responder à sua. Era como se ouvisse a voz da mais amada de todas as amadas, salva de um naufrágio que parecia sem remédio, em noite escura. Quando no dia seguinte encontramos para um almoço banal num bistrô, eu já estava refeito; o mesmo conhecido de sempre, apenas cordial e de ar meio neutro, e era outra vez ela mesma, devolvida à sua realidade banal de pessoa presente, sem o prestígio misterioso da mulher que partira.
    Custamos a aprender as línguas; partir é a mesma coisa que sortir. Mas através das línguas vamos aprendendo um pouco de nós mesmos de nossa ânsia gratuita, melancólica e vã.
    Janeiro, 1950

Related Questions