TRABALHO SOBRE O PARNASIANISMO
Musa I mpassível
Francisca Júlia
Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero
Luto jamais te afeie o cândido semblante!
Diante de um Job, conserva o mesmo orgulho; e diante
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.
Em teus olhos não quero a lágrima; não quero
Em tua boca o suave e idílico descante.
Celebra ora um fantasma anguiforme de Dante,
Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.
Dá-me o hemistíquio d’ouro, a imagem atrativa;
A rima, cujo som, de uma harmonia crebra,
Cante aos ouvidos d’alma; a estrofe limpa e viva;
Versos que lembrem, com seus bárbaros ruídos,
Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra,
Ora o surdo rumor de mármores partidos.
2.A “musa impassível” parnasiana é fundamentalmente anti-romântica. Como o título e os seis versos iniciais do
poema justificam a 1ª parte dessa afirmação?
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O título do poema, “Musa Impassível”, já diz tratar-se de uma perspectiva poética anti-romântica, pois a palavra ‘impassível’ quer dizer “que não é suscetível de padecer; imperturbável, indiferente; que parece insensível à dor física ou moral”, no sentido de algo isento de paixões, imune às paixões, paixão essa justamente uma característica romântica. Os versos ilustram tal perspectiva (anti-romântica), na medida em que se pretende que nenhum gesto de dor ou de sincero luto desfaça o puro semblante da Musa, o mesmo ocorrendo diante de situações que envolvam a possibilidade de despertar paixões, como diante de Job ou de um morto.