ARRANJO ESPACIAL DA DINÂMICA ECONOMICA DE UM TERRITÓRIO, REGIÃO, O QUE É?
Anônimo(a)
perguntou em 18 de fevereiro de 20112011-02-18T05:14:47-02:00 2011-02-18T05:14:47-02:00Geografia
O QUE É ARRAQNJO ESPACIAL; GEOGRAFIA?
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1- Introdução
O Brasil passou por importantes transições sócio-econômicas, com profundas implicações sobre o território, resultando numa dinâmica de fluidez, em que os laços de integração demonstram como os novos sistemas de técnicas cada vez mais exercem um papel de combinação com os lugares. A opção por um desenvolvimento subordinado à penetração internacional, a partir da década de 1990, expôs fortemente a estrutura produtiva industrial brasileira à concorrência externa, transferindo para a economia nacional os riscos e as incertezas comuns ao mercado mundial. Essa abertura comercial e financeira submeteu a indústria brasileira a um nível crescente de competição com empresas internacionais, reduzindo suas margens de lucro e implicando a diversos segmentos da produção industrial uma significativa redução nos níveis de emprego (PIQUET, 2002).
Como resultado, configurou-se um novo mapa locacional da indústria no Brasil, marcado pela redistribuição das unidades de produção, tradicionalmente concentradas na região Sudeste, sobretudo no Estado de São Paulo, em direção a outras regiões do país, a exemplo do Nordeste, onde a instalação de pólos de indústrias de bens de consumo não-durável foi realizada sem, no entanto, comprometer a centralidade de gestão do Centro-Sul do País, em especial a metrópole paulistana (SPOSITO, 2006; MOREIRA, 2004; LENCIONI, 2003; DINIZ, 2000).
A nova organização do espaço industrial no Brasil se apresenta como manifestação bem definida dessa expansão capitalista pelo território. Viabilizados pelos capitais privados nacionais e multinacionais, que contam muitas vezes com o suporte do Estado, através de financiamentos diversos, novas regiões anteriormente desprovidas de infra-estrutura acabam se inserindo numa renovada ciranda de produção, circulação e consumo de riquezas, afetando a economia e a sociedade, cada vez mais abertas às imposições da racionalidade produtiva moderna.
A chegada desses investimentos não se dá sem redefinir importantes elementos na organização socioespacial, o que acaba implicando numa recente divisão territorial do trabalho. Tal mudança locacional estaria ocorrendo, contudo, apenas nas indústrias que utilizam tecnologias convencionais e empregam grandes quantidades de força de trabalho, ficando os setores que realizam um maior esforço de inovação tecnológica permanecendo nos centros mais tradicionais (PIQUET, op. cit.).
Mesmo assim, são transformações que promovem profundos impactos sobre o território, instaurando novos vetores de expansão econômica e urbana, todos voltados para o desenvolvimento de um padrão moderno, a implicar numa forte mudança do processo produtivo e das relações de trabalho nos lugares que passam a receber os mais recentes investimentos industriais.
É nesse contexto que buscamos entender a realidade que se consubstancia no Estado do Ceará. Nas últimas décadas, expressivas mudanças de caráter econômico e socioespacial foram responsáveis por transformar o Estado num dos mais importantes centros de expansão produtiva e de aumento do emprego industrial no Brasil, garantindo uma posição privilegiada no mais recente modelo de industrialização desenvolvido no País, no qual as mudanças técnicas e produtivas vêm provocando alterações importantes na divisão social do trabalho e na organização do território.
O número de empresas que procurou se instalar no Estado aumentou consideravelmente a partir da década de 1990 e isto está associado à forte política de benefícios e facilitações tributárias, além de uma oferta de força de trabalho a um custo bem mais rentável para os investidores do setor, se comparado a outros Estados do Sul e Sudeste do Brasil.