Bacia Geológica do Paraná, ou simplesmente Bacia do Paraná, é uma ampla bacia sedimentar situada na porção centro-leste da América do Sul. Sua área de ocorrência abrange principalmente o centro-sul do Brasil, desde o estado do Mato Grosso até o estado do Rio Grande do Sul, onde perfaz cerca de 75% de sua distribuição areal. Além do Brasil, ela também distribui-se no nordeste da Argentina, na porção leste do Paraguai e no norte do Uruguai. É uma depressão ovalada, com o eixo maior quase norte-sul, e possui uma área de cerca de 1,5 milhão de km². [1][2]
Desenvolveu-se durante parte das eras Paleozóica e Mesozóica e seu registro sedimentar compreende rochas depositadas do Período Ordoviciano ao Cretáceo, abrangendo um intervalo de tempo entre 460 e 65 milhões de anos atrás. Sua espessura máxima, superior a 7000 m na sua porção central, é constituída por rochas sedimentares e ígneas. A Bacia do Paraná é rica em restos de animais e vegetais fósseis.[1]
A Bacia do Paraná é uma típica bacia flexural de interior cratônico embora durante o Paleozóico fosse um golfo aberto para sudoeste para o então Oceano Panthalassa. A gênese da bacia está ligada à relação de convergência entre a margem sudoeste do antigo supercontinente Gondwana, formado pelos atuais continentes América do Sul, África, Antártica e Austrália, além da Índia, e a litosfera oceânica do Panthalassa, classificando a bacia, pelo menos no Paleozóico, como do tipo antepais das orogenias Gondwanides.[1][3][4]
O nome Bacia do Paraná é derivado do Rio Paraná, que corre aproximadamente no seu eixo central, no sentido norte-sul. A bacia hidrográfica do Rio Paraná está quase que inteiramente contida na bacia sedimentar e possui enorme potencial hidroelétrico, devido ao grande volume d’água, tanto do Rio Paraná quanto de diversos afluentes, aliado ao terreno acidentado da bacia.[5]
Os principais recursos naturais extraídos na Bacia do Paraná são: carvão mineral, água subterrânea, folhelho betuminoso e materiais para construção civil e indústria de transformação. Outros recursos encontrados na Bacia do Paraná são urânio e gás natural, ambos com uma jazida cada (vide Capítulo Recursos Naturais).Os primeiros estudos sobre a Bacia do Paraná foram publicados na primeira metade do século XIX, ainda durante o período do Império Brasileiro, e tratam principalmente de estudos sobre carvão mineral. Durante os anos de 1875 a 1877 as rochas da Bacia do Paraná foram estudadas pela Comissão Geológica do Império do Brasil. Esta comissão foi constituída pelo Imperador D. Pedro II e coordenada pelo geólogo canadense Charles Frederick Hartt. O enfoque preliminar da comissão era o estudo da Geologia, da Paleontologia e das minas brasileiras.[7][8] Os trabalhos básicos mais importantes desta fase inicial são representados pelas publicações de Orville Derby, em 1879 e 1883.[7]
No início do século XX, o Governo Brasileiro criou a Comissão de Estudos das Minas de Carvão de Pedra do Brasil, para melhor conhecer o potencial do carvão mineral nacional que, até aquele momento, era explorado de forma incipiente no Sul do Brasil. Para tanto, foi contratado o geólogo Israel Charles White, na época Geólogo Chefe do West Virginia Geological and Economic Survey, nos Estados Unidos da América e especialista em carvão mineral, para ser o chefe da referida Comissão. Este trabalho, desenvolvido entre os anos de 1904 e 1906, resultou num vasto acervo de dados sobre os carvões, especialmente os de Santa Catarina, e sobre a estratigrafia e a paleontologia da Bacia do Paraná [9]. Os trabalhos culminaram com a publicação, em 1908, do relatório final da comissão, hoje conhecido como Relatório White, e que foi um grande marco para o conhecimento da geologia da Bacia do Paraná [6]. As denominações introduzidas por ele para a designação das unidades geológicas da Bacia do Paraná ficaram consagradas, tendo sido pouco modificadas na sua concepção ao longo dos tempos, sendo considerado o “marco zero” na sistematização estratigráfica da bacia.[1][9]
Por outro lado, o trabalho de White documenta um precioso conteúdo científico no campo da Paleontologia: o reconhecimento da ocorrência de restos fósseis de Mesosaurus brasiliensis em estratos permianos do “Schisto preto de Iraty”. Mais importante ainda, White correlacionou e propôs a equivalência das diversas unidades estratigráficas e conteúdo fossilífero da Bacia do Paraná com a Bacia do Karoo, na África do Sul, bem como com a região de Gondwana, na Índia, e citou como
“grande probabilidade da hypothese que admitte que os continentes meridionaes, devem ter estado unidos, durante os periodos Permiano e Triássico, por grande porção de terras, agora submersas, a que Suess denominou “Terra Gondwana”.”
— White (1908), [6]
Peida