Talvez esse seja um grande dilema para muitos cientistas sociais: estabelecer a linha tênue do relativismo cultural. Ele deve ter limites?
Por exemplo: o apedrejamento de mulheres em certos países muçulmanos deve ser tratado como um traço cultural daquele povo ou como um crime cruel contra a mulher e que, portanto, deve ser combatido?
Outro exemplo: o infanticídio praticado por algumas tribos indígenas. Devemos encarar o assassinato de crianças doentes, praticado por algumas tribos como um traço cultural ou como uma prática cruel que deve ser abolida em detrimento daquela tradição.
Acredito que esse seja um tema que tira o sono de alguns sociólogos.
Como portar-se diante dessas situações?
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acredito que deveria ter limites sim,pois em pleno século 21 temos que ver barbaridades acontecer e que na maioria das vezes não tem nenhum tipo de fundamento .cada um pode praticar a sua cultura mas não interferir na vida das outras pessoas ,e na maioria das vezes essas idéias São sustentadas por um grupo de pessoas que controlam a sociedade e ameaçam todo o tipo de mudança de conceitos novos.
Sempre achei melhor o etnocídio de uma cultura inteira ao genocídio de determinados membros da mesma. Mas acredito na mudança de alguns traços desas culturas, ou seja, preservá-las, eliminando somente os “abusos” cometidos por ela. Agora o que realmente tira o sono é pensar qual é o limite desses “abusos”.
Estou pensando na cultura dos árabes, quais os traços dela deveriam ser eliminados? todo o machismo da mesma? ou somente o apedrejamento de mulheres? Ou todo tipo de pena de morte por motivos(que NÓS consideramos) fúteis, por exemplo a traição.
Por fim, nossa cultura não é perfeita, nem chega perto disso, mas acredito que não é possível deixar que coisas absurdas assim continuem ocorrendo, dizendo que devemos respeitar a cultura alheia.
Eu acho que tudo tem que ter limite e o que define esse limite é o bom senso. Não se pode aceitaqr um crime contra a humanidade só em nome do relativismo cultural.
abraço.
Eu tenho esse debate interno. Cada um vive conforme uma realidade, mas até que ponto devemos suportar a realidade do outro? Até hoje a melhor resposta que encontrei foi: “o limite está no ponto em que a felicidade de um impossibilita a felicidade do outro.”
Mas nunca deve-se esquecer que a noção de felicidade difere-se muito. Por exemplo, as culturas americanas – Maia, Asteca e Inca – utilizavam-se de sacríficios humanos, absurdo para nós, porém não dúvide de que muitos dos que seriam sacríficados não estavam totalmente felizes ao morrer honrando seus deuses e cultura.
Minha conclusão atual é essa, e para especificar a minha resposta, quando eu digo felicidade do outro eu me refiro à quem sofre a ação e não os que a observam.
Não podemos padronizar a cultura. Cada ser vive conforme seu grau de evolução.
Cada povo tem um modelo de cultura e ninguém pode afirmar que está certo ou errado.Quem pode afirmar se não é melhor morrer apedrejada em vez de ser colocada em penitenciárias brasileiras?
O infanticídio no Brasil é uma realidade, pois crianças morrem de inanição, por falta de atendimento médico ou por abandono.
Abraços Douglas
Amo suas observações e sempre fico na dúvida entre respondê-las ou ficar na minha. Se hoje não houvessem os meios de comunicação que aproximam e demonstram ao mundo o que acontece em cada sociedade, provavelmente não teríamos esses dilemas, que ficariam, unicamente aos sociólogos, mas, estamos numa sociedade que caminha, é dinâmica e pouco mutante, infelizmente. Qdo penso nas tribos, particularmente, vejo nelas um traço claro de instinto, próprio de animais – e somos animais – mas pensamos. No oriente, tb há infanticídio e não somente em classes economicamente piores, mas é cultural e não relativa ao poder econômico, o que seria (mais… aceitável?) Os muçulmanos podem parecer cruéis, mas a quantidade de crimes naqueles povos é infinitamente menor que nos países cuja cultura é menos assustadora aos nossos olhos (ou ouvidos). O que é inacreditável é que estamos no século XXI, e houve uma mudança geral em cada sociedade, restando apenas algumas sociedades com hábitos que nos assustam, mas que à eles é absolutamente normal. Isso os poria como países em atraso, mas não é o caso. São excessivamente ligados à tradições e se tentássemos compreendê-los ou julgá-los, esqueceríamos que a fome mata vizinhos nossos, a droga mata amigos nossos, os roubos fazem ladrões assassinos por pouco ou por nada, filhos matam pais e vice-versa por motivos fúteis ao nosso entender, mas que contém no gesto toda uma história que desconhecemos. Mata-se em nome de Deus, em nome do amor, em nome de tantas loucuras aceitáveis que é difícil assumir se somos contra ou a favor do que culturas diferentes da nossa fazem. Vou tentar resumir o que penso: não sou contra culturas, pois é dessa diferença que podemos nos sentir felizes. Somos – cito aqui como cidadã brasileira – um país monumental, onde o mal e o bem convivem lado a lado e fazemos festa o ano todo. Somos passados para trás diariamente e não nos damos conta. Elegemos como governantes pessoas que envergonham o país fora daqui – não me refiro especificamente à Presidência, mas o geral – que sabemos e não fazemos nada, cada qual cruzando os braços ou lavando as mãos. Reclamamos de tudo e compramos tudo, inclusive no Paraguai. Comemos o pior daquilo que produzimos e nos sentimos poderosos como consumidores dos “importados” e não reclamamos disso. Nos põe na categoria dos importantes! Somos atrasados em meio a atualizações diárias que ocorrem no mundo e nem percebemos. Portanto, culturas por culturas, a nossa também é interessante à sociólogos que defendem teorias mas não mudam em nada o que veem de errado, apenas os trazem à tona. Essa é a nossa realidade, a nossa cultura rica e nobre: damos guarida à ladrões famosos, temos Leis Penais ridículas,que não consideram o aborto crime em determinados casos, mas demoram tanto para dar uma resposta que o aborto é feito – se o é – pelos meios ilegais. Temos a fama de sermos sociáveis, agradáveis, hospitaleiros… (opinião dos “gringos” que amam nossas prostitutas infantis e que levam as de maior idade para o país deles.Mas, por sorte, existem os camelôs, os taxistas, e mais alguns que cobram exorbitâncias qdo prestam à eles algum serviço e dessa forma nos vingam sem o saber! Quanto ao limite, não sei, principalmente em relativismo cultural cuja maquiagem é usada para encobrir imperfeições que talvez nem o sejam! Um abraço