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Anônimo(a)

O Vassoureiro( crônica de Rubem Braga)?

Eu queria saber onde encontrar essa crônica na Internet. Agradeço :D.

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1 Answer

  1. Esta crônica entrou no livro 200 crônicas escolhidas de Rubem Braga, que você pode baixar no link:
    http://amadeuw.com.br/livro.php?c=47&id=717&t=200+Cronicas+Escolhidas&pagina=53-Como a crônica não é grande, aqui vai ela:
    O VASSOUREIRO
    Em um piano distante alguém estuda uma lição lenta, em notas graves. De muito longe, de outra esquina, vem também o som de um realejo. Conheço o velha que o toca, ele anda sempre pelo meu bairro; já fez o periquito tirar para mim um papelucho em que são garantidos 93 anos de vida, muita riqueza, poder e felicidade.
    Ora, não preciso de tanto. Nem de tanta vida, nem de tanta coisa mais. Dinheiro apenas para não ter as aflições da pobreza; poder somente para mandar um pouco, pelo menos, em meu nariz; e da felicidade um salário mínimo tristezas que possa agüentar, remorsos que não doam demais, renúncias que não façam de mim um velho amargo.
    Joguei uma prata da janela, e o periquito do realejo me fez um ancião poderoso, feliz e rico. De rebarba me concedeu 14 filhos, tarefa e honra que me assustam um pouco. Mas os periquitos são muito exagerados, e o costume de ouvir o dia inteiro trechos de Óperas não lhes fazer bem à cabeça. Os papagaios são mais objetivos e prudentes e só se animam a afirmar uma coisa depois que a ouvem repetidas.
    Chiquita, a pequenina jabota, passeia a casa inteira, erguendo certa graça o casco pesado sobre as quatro patinhas tortas, e espicha encolhendo o pescoço curioso, tímido e feio. Nunca diz nada, o que é pena, pois deve ter uma visão muito particular das coisas.
    Agora não se ouve mais no realejo; o piano recomeça a tocar. sons soltos, e indecisos, teimosos e tristes, de uma lição elementar quer, têm uma grave monotonia. Deus sabe por que acordei hoje tendência a filosofia de bairro; mas agora me ocorre que a vida de gente parece um pouco essa lição de piano. Nunca chega a formar a de uma certa melodia. Começa a esboçar, com os pontos soltos de alguns sons, a curva de uma frase musical; mas logo se detém, e volta, e se numa incoerência monótona. Não tem ritmo nem cadência sensíveis. quem a vive, essa vida deve ser penosa e triste como o esforço dessa jovem pianista do bairro, que talvez preferisse ir à praia, mas tem de ficar no piano. Na verdade eu é que estou pensando em ir à praia, eu é que preso ao teclado de máquina. Espero que esta crônica, tão cansativa enjoada para mim, possa parecer ao leitor de longe como essa lição piano me parece no meio da manhã clara: alguma coisa monótona e sem sentido, ou às vezes meio desentoada, mas suave.
    Passa o vassoureiro. É grande, grosso e tem bigodes grossos com todos os de seu ofício. Aos 50 anos darei um bom vassoureiro de barro. De todos os pregões, o seu é o mais fácil: “Vassoura… vassoureiro.. e convém fazer a voz um tanto cava. Ele me parece digno, levando entre cruzadas sobre os ombros, numa composição equilibrada e sábia, tantas vassouras, espanadores e cestos. Seu andar é lento, sua voz é grave, presença torna a rua mais solene. É um homem útil.
    Não ousaria dizer o mesmo de mim mesmo; mas, enfim, já trabalhei já cumpri o meu dever, como o velho do realejo e a mocinha do piano vagamente acho que mereço ir à praia.
    Abril, 1949

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