Marcos ergueu a cabeça pesadamente da mesa onde havia recostado já fazia umas duas horas. Estava aterrado. Os muitos problemas já não cabiam mais na sua mente atordoada. Perdera, fazia tempo, o viço da mocidade alegre que haviam lhe garantido uma boa estabilidade, tanto financeira quanto emocional. Agora, parecia que nada mais daria certo. Parecia, o seu fim estava próximo. Família e amigos lhe escapavam por entre as mãos. Talvez, se entregar seria a única alternativa.
Passou a mão nos muitos cupons de dívidas desordenados sobre a mesma mesa. Em empréstimos e empenhas não poderia pensar mais. Já fazia algum tempo que perdera toda credibilidade que possuíra no mercado cruel. O lado negro também não lhe atraia.
Nessa manhã de março chuvosa no Recife não iria à empresa. Despacharia da velha mansão em estilo neoclássico. Os poucos cabelos já grisalhos estavam mal penteados e a barba por fazer denunciavam um caráter meio que espúrio. O mar de rosas em que vivera até ali estava secando, fato. Somente alguns dos poucos contratos em andamento lhe faziam sentido. Investiria o derrear neles.
Um deles era “especial”. Furtivo no casamento, sempre mantinha umas duas ou três ligações clandestinas totalmente à parte. Era Carla. Mulher ainda jovem e de uma soberba beleza, muito incomum. Olhos verdes claros, cabelos muito castanhos, não eclipsavam seu corpo monumental, sempre com longos vestidos importados sobre ele derramados.
Ainda nesses misteres, Marcos pensou. “Vou me enterrar sobre sete palmos de terra! Quero ver ali alguém me importunar.” Mal conseguia disfarçar, nas suas feições singulares, os muitos problemas que tiravam sua paz. Tomou a calculadora científica, ainda na mesa, e efetuou alguns cálculos complexos que não vou elencar aqui para não aborrecer o leitor com muita ma temática financeira. Só digo que as poucas reservas estavam minguando. Tornara-se um verdadeiro joguete nas mãos das financeiras e dos bancos.
Celso, o despachante, é que lhe incomodou tocando a campainha. Como a empregada estava de “folga”, quem foi atender foi Lúcia, sua esposa conformada. Celso entrou com uma papeleira infindável, a maioria desinteressante para Marcos, e acenou com a cabeça para Lúcia. O interessante mesmo tinha marcado na agenda. Eram duas minutas de dois contratos complexos com uma empresa Uruguaiana. Oportunidade imperdível.
Marcos, claro, primeiramente queria dar uma olhada nos esboços. Um lastro de esperança surgia ao longe em seu olhar.
– O advogado já olhou isso? – perguntou Marcos, interessado.
– Claro! Respondeu Celso, entusiasmadamente. – O doutor Paulo, continuou, disse que talvez pudéssemos fechar negócio.
//CONTINUA//
É, vou contratar um revisor… rsrsrs
Rondei a história… Gostei.
MUITO BOM!
Mas, sempre há um mas ou porém quando se expõe algo à crítica:
E este é o trecho que me parece destoar…
[…
Ainda nesses misteres, Marcos pensou. “Vou me enterrar sobre sete palmos de terra! Quero ver ali alguém me importunar.” Mal conseguia disfarçar, nas suas feições singulares, os muitos problemas que tiravam sua paz. Tomou a calculadora científica, ainda na mesa, e efetuou alguns cálculos complexos que não vou elencar aqui para não aborrecer o leitor com muita ma temática financeira. Só digo que as poucas reservas estavam minguando. Tornara-se um verdadeiro joguete nas mãos das financeiras e dos bancos.
…]
– Sobre ou Sob? Acima ou abaixo?…
– (eu mudaria ou retiraria): Tomou a calculadora científica, ainda na mesa, e …
… que não vou elencar aqui para não aborrecer o leitor com muita ma temática financeira.
(penso que esfria a narrativa, que não precisaria ser explicativa. Primeiro em não situar ainda o tempo em que se passa a história (calculadora científica) e ir aos fatos sem estar preocupado, ainda, com o leitor em que se aborreça (melhor nem colocar tal perspectiva).
JÁ ESTOU querendo ver a ‘continuidade’ da história! ehehhe
Sim, para um começo de história está bom.
Só achei um errinho, na palavra “Uruguaiana”. Seria empresa uruguaia.
Boa sorte!
Está ótimo, me parece realmente muito bom, se o resto continuar, ficará lindo!