Olá gente, preciso que me ajudem , tenho que criar um dialogo entre um boticário do século XVIII e um doente, que por exemplo sofra e algo, alergia, mau estar, constipação, algo e que vá pedir ajuda ao boticário ( medico do século XVIII, que cuida dos seus pacientes com produtos naturais) e este cuide do doente com produtos naturais… é só isto, apenas tenho é que formar um dialogo… ajudem me pfff, conta muito pra minha nota .
beijinhos
“Ensaio sobre a cegueira” de José Saramago (Caminho)
A frase retirada do Livro dos Conselhos – Se podes olhar, vê; se podes ver, repara -, colocada em epígrafe no romance, é a chave que ajuda a descodificar a mensagem que o Autor pretende transmitir. Para Saramago a visão divide-se em vários patamares: olhar, ver e reparar são as suas três declinações, sendo que a primeira, de carácter nível mais elementar, implicando, por isso, uma panorâmica geral, istó é, pressupõe o abarcar de um determinado espaço que é “varrido” pela vista, sem contudo se deter, muito sobre nenhum aspecto em particular. Logo depois vem o “ver” que obriga a fixar a vista em algo que chamou a atenção durante o “olhar”, pressupondo, já, algum grau de descodificação ou capacidade de interpretação. Como se a lente ocular ampliasse o objecto, tal como a lente de um binóculo, de um telescópio ou mesmo dum microscópio. Por último, o grau máximo de precisão nesta escala tem a ver com o acto de “reparar” em algo. O aspecto focado no estágio anterior é, além de analisado e dissecado, retido na memória a longo prazo, A memória é permite a detecção, identificação, ligação e finalmente a compreensão das situações, por analogia, proporcionando as adaptações do comportamento necessárias à mudança.
É sobre este prisma que a leitura de “Ensaio sobre a Cegueira” faz com que olhemos, vejamos e reparemos numa humanidade que sofre um colapso temporário, o qual se manifesta numa estranha cegueira que não tem relação com qualquer tipo de anomalia física. Trata-se de uma ocorrência de teor apocalíptico que se concretiza numa mutação repentina, traz o caos ao quotidiano. Apenas um único ser humano consegue escapar ao flagelo, fazendo tudo para minimizar os seus efeitos mais nocivos.
A obra é, toda ela, uma alegoria (aliás não é por acaso que nenhuma das personagens tem nome) que opõe a consciência e o sentimento de responsabilidade social – incarnados na mulher do médico – ao alheamento e à passividade, à demissão do sujeito face às suas funções sociais e aos seus deveres cívicos.