Seria a poesia uma verdade inventada, uma projeção do poeta sobre uma ilusão residente?

A poesia é uma versão dos fatos contada de forma romântica.
Beijos, boa noite.

Ah Alane,

Coisa mais boa a poesia,
uma verdade gostosa que adoramos inventar.
Ela é doce embalo,
é calma para acalentar
Tantas eu fazia,
todas para me enganar.
Hoje me calo
não sei mais rimar.

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Para tornar sua vida mais doce

”Contemplação”

Não acuso. Nem perdôo.
Nada sei. De nada.
Contemplo.
Quando os homens apareceram
eu não estava presente.
Eu não estava presente,
quando a terra se desprendeu do sol.
Eu não estava presente,
quando o sol apareceu no céu.
E antes de haver o céu,
Eu não estava presente.
Como hei de acusar ou perdoar?

Nada sei.
Contemplo.

Parece que às vezes me falam.
Mas também não tenho certeza.
Quem me deseja ouvir, nestas paragens
onde somos todos estrangeiros?
Também não sei com segurança, muitas vezes,
da oferta que vai comigo, e em que resulta,
pois o mundo é mágico!
Tocou-se o Lírio e apareceu um Cavalo Selvagem.
E um anel no dedo pode fazer desabar da lua um temporal.
Já vês que me enterneço e me assusto,
entre as secretas maravilhas.
E não posso medir todos os ângulos do meu gesto.
Noites e noites, estudei devotamente
nossos mitos, e sua geometria.
Por mais que me procure, antes de tudo ser feito,
eu era amor. Só isso encontro.
Caminho, navego, vôo,
– sempre amor.
Rio desviado, seta exilada, onda soprada ao contrário,
– mas sempre o mesmo resultado: direção e êxtase.
À beira dos teus olhos,
por acaso detendo-me,
que acontecimentos serão produzidos
em mim e em ti?
Não há resposta.
Sabem-se os nascimentos
quando já foram sofridos.
Tão pouco somos, – e tanto causamos,
com tão longos ecos!
Nossas viagens têm cargas ocultas, de desconhecidos vínculos.
Entre o desejo do itinerário, uma lei que nos leva
age invisível e abriga
mais que o itinerário e o desejo.
Que te direi, se me interrogas?
As nuvens falam?
Não. As nuvens tocam-se, passam, desmancham-se.
Às vezes, pensa-se que demoram, parece que estão paradas…
Confundiram-se.
E até se julga que dentro delas andam estrelas e planetas.
Oh, aparência…Pode talvez andar um tonto pássaro perdido.
Voz sem pouso, no tempo surdo.
Não acuso nem perdôo.
Que faremos, errantes entre as invenções dos deuses?

Eu não estava presente, quando formaram
a voz tão frágil dos pássaros.
Quando as nuvens começaram a existir,
qual de nós estava presente?

(Do livro Solombra. CM)

Poucas pessoas gostam e adquirem o hábito de ler poesias, e boas poesias, mais raro ainda, e não necessariamente a poesia é romântica, ledo engano, isso é uma informação equivocada, normalmente de quem não lê poesias.
Eu leio poesias, e acompanho com emoção.

SIMULTANEIDADE

– Eu amo o mundo!
Eu detesto o mundo!
Eu creio em Deus!
Deus é um absurdo!
Eu vou me matar!
Eu quero viver!

– Você é louco?

– Não, sou poeta.

(Mario Quintana)

É muitas vezes uma verdade inventada mesmo. Os legítimos poetas, como Fernando Pessoa, não versejam sobre a própria dor, versejam sobre a dor e o mistério da condição humana. Poesia, sobretudo a moderna, não é um choramingar bobo das próprias penas, é uma espécie de tentativa de contato com o efêmero e o eterno. Observe isso em Poética, do Vinícius:

Poética I
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.

Vinicius de Moraes
(1913-1980)

BOA QUINTA.

…..”dor que deveras sentes….”
Outrora,

Eu amo o mundo!
Eu detesto o mundo!
Eu creio em Deus!
Deus é um absurdo!
Eu vou me matar!
Eu quero viver!

– Você é louco?

– Não, sou poeta.

(Mario Quintana)

PERFEITO!!!

Acredito que a poesia é uma verdade, é um sentimento verdadeiro que ocorre no poeta.
Ele coloca no papel tudo o que sente, eu acho.

Abçs.

” Escrever é esquecer.A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida.” Bernardo Soares ( heterônimo de Fernando Pessoa).

Não conhecia essa, boa…
O poeta…

O poeta é o arquiteto das palavras.
O poeta constrói e edifica casas
no coração das pessoas.
O poeta é o artista das multidões.
O poeta encanta com sua poesia,
a criança,o adolescente, o jovem e o idoso.
A todos conquista com curiosidade e fantasia.

O poeta é o produtor de sonhos.
Vive montando espetáculos;
Alimentando e alegrando a nossa vida
de cada dia.

Olá! Alane

O poeta traduz seus pensamentos ilusórios ou existentes em versos e rimas. Se a realidade fosse poesia, os poetas com suas maestrias, todos os nossos momentos transformaria…Em momentos de pura euforia. Tão bom seria se toda a realidade do mundo fosse Poesia!!

Bjkas de Paz!!!

Para ser poeta não basta querer. Tem que ter uma sensibilidade na alma para descrever o que sente da forma simples, harmônica e rítmica que possa nos trazer prazer. Assim, não pode ser verdade inventada ou uma projeção sobre uma ilusão. É muito mais do que isto pois somente os poetas poderiam descrever com tamanha segurança e perfeição. Não sou poeta mas sinto na alma o que eles me falam razão pela qual transcrevo poesia do grande Drummond:

“Gastei uma hora pensando em um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.”