Na sua opinião. o progresso de alguns brasileiros é impedido pela estupidez e ignorância dos mais velhos?

Nasci em 1942, portanto tenho hoje 68 anos. Não sei quando começa a velhice, mas para mim ela ainda não começou, pelo menos no sentido psicológico. O físico, é claro, começa a sentir seus efeitos.
Quando volto ao passado, fico abismado com a evolução do mundo e dos homens, em todos os sentidos. E não me admiro que alguns “mais velhos” tenham enorme dificuldade em se localizar nesse mundo; embora não chegue ao ponto de achá-los mais “estúpidos e ignorantes” que muitos jovens que, em vez de estudar, ficam na rua “enchendo o saco” até altas horas, fazendo barulho com suas motos, seus equipamentos de som, etc. Mas voltando à evolução, cito alguns fatos de minha infância e adolescência para que se tenha uma idéia das mudanças no mundo:
1 – Conheci o primeiro aparelho de rádio, “um caixão de abelhas que falava” aos 13 anos de idade.
2 – Cozinhava-se com carvão. Em seguida veio o fogão a querosene, que teve curta duração e na sequência veio o fogão a gás. A Ultragás foi a primeira fornecedora.
3 – Tinha um irmão, que morreu aos 6 anos de idade, vítima de meningite. Ele foi levado ao hospital, que pediu exames. Só que esses exames demoravam 24 horas para serem concluídos e, nesse tempo, a meningite mata. Hoje, com campanhas de vacinação a meningite está dominada.
4 – Para se fazer um telefonema interurbano, era preciso pedir à telefonista que completasse a ligação, e esperar o retorno, o que podia levar 24 horas (!!!). Hoje, celular à mão, qualquer adolescente pode falar com a China, no ato.
5 – Uma viagem de 500 Km, tinha que ser feita de trem “maria fumaça”, o que demorava em torno de 8 horas.
6 – O meio de comunicação a longa distância, para local sem telefone (e eram muitos) era o “telegrama”. Você talvez nem saiba o que era isso, mas hoje temos emails, blogs, fóruns, chats, redes sociais. São tantos que às vezes nem sei qual devo usar.
Poderia ficar o tempo todo aqui falando disso, mas o mundo não pára de girar. Daqui a pouco minha geração vai embora e ele será todo seu. E dentro de alguns anos, novas evoluções virão, e uma nova geração estará chamando a sua de “velhos estúpidos e ignorantes”. E você talvez se lembre desse nosso papo e sorria compreensivamente.

Não, pois trata-se de um fenômeno social, então as causas são múltiplas, e todos tem sua parcela de culpa: igreja, estado, cidadãos…

Além do mais, como podemos julgar outros de estúpidos e ignorantes? Não podemos impedir as pessoas de serem o que são…

Se formos procurar de quem foi o erro, perdemos ainda mais tempo.