Eu ouço as músicas desse mago e o vejo a bailar por entre as melodias, buscando acordes, acordos, concorde com os tons tão dissonantes e arrumados, equilibrados num balanço mágico.
Ouvir as músicas de Vinicius só vale lendo suas letras, cada coisa linda, apaixonada, visionária.
O sujeito que tinha um olhar de lince, que pegava no ar, que captava sussurros dos espíritos dos poetas. E arrastava os Orixás de todas as nações para uma gira na Bahia inteira, no Rio e no mundo todo.
Vinicius e Toquinho, um casamento que deu certo. Quanta coisas esses caras fizeram e não era somente algo bem escrito, apuradamente bem escritoo, exagerado, perfeccionista. Seus escritos tinham alma que cantarolavam aos requebres e molejos do vibrar das cordas de um violão, tão estranhamente tocado, tão diferenciado, tão Vinicius em seus acordes,em seus acordos.
Ele compunha com a destreza e facilidade como quem risca ou rascunha uma lista de supermercado.
Quando nosso povo vai acordar para as nossas coisas, quando o negro vai voltar a ser negro como Vinicius foi ?. Quando a Bahia terá outro carioca de alma tão baiana que o elevador Lacerda se curve à sua escrita e ele perambule com os capitães da areia, com os fantasmas da primeira capital do Brasil. Hoje esquecida, maltratada, com seus poetas mortos ou no ostracismo?.
A Bahia asfixia sem arrimo cultural, resta apenas suas marcas, sua história e dos magos, dos alquimistas das letras e dos pincéis, que por ela passaram e quedaram à morte física, levando a Bahia aos infernos e aos céus de quem se interesse conhecê-la em suas riquezas subjacentes a olhos muito óbvios e grosseiros.
Vinicius de Moraes o poeta que viu Carybé, que viu Jorge Amado, que viu Dorival Caimmy e tantos outros que já se foram.
Resta agora na Bahia os livros de Jorge Amado lembrando, acudindo, como esta terra poderia ser melhor tratada e respeitada pelos orgãos públicos. Dá pena, dó mesmo, olhar a Bahia hoje. Salvador vive o abandono, seus prédios centenários um por um caindo sem conservação, ruas sem policiamento, lixo nas calçadas, jovens drogados nos passeios e a música e a poesia…não existem mais, se foram com Vinicius e outros alquimistas da arte.
Abração.
Perdoem os erros de português, escrevi de improviso e sem revisão.
Errata: Requebros e molejos
Que importa, quem foi grande como ele, será sempre grande. Vivo ou morto.
Abração amigão….
Belo texto, meu bom amigo, irmão, João Alfredo.Vc tem facilidade para textos de exaltação à Bahia, e neste improviso – muito bem escrito- vc fêz justiça ao nosso poetinha,o talentoso Vinícius de Morais e ao nosso Jorge Amado, o mais baiano de todos os escritores .
Fraternal abraço
Vinicius nunca achou que era um cantor, ele era o poetinha que dizia suas letras como se estivesse cantando.O que valia mesmo era seus parceirinhos, como carinhosamente ele identificava:toquinho, maria creusa, tom jobim.
Concordo com tudinho que voce falou.
E só porque voce é um queridão vou te deixar um
presente, pra ler e ouvir tá?
E muito grata pelas palavras lindas na pergunta da Bruxxa,
voce mora no meu coração e nem precisa pagar alugue, rsrsrsrs.
Samba da Benção
http://www.youtube.com/watch?v=SEevv9qJgGw
linda demais essa música e esse vídeo.
beijo querido, inté…..
Paze Bem, sempre!
Oláaaaaaaaaaaa…Boa noite.
Caro amigo, o Vinícius de Moraes tinha um talento ímpar. Ele era completo. Um poeta do seu naipe dispensa quaisquer comentários. Mesmo que eu buscasse as melhores palavras elogiosas para descrevê-lo, me faltaria a poesia necessária para fazer jus à sua pessoa. Forte abraço.
Olha o que disse Carlos Drummond de Andrade,”Vinicius e o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão.Quer dizer da poesia em estado natural” ” Eu queria ter sido como Vinicius
de Morais”Otto Lara Resende,assim o definiu:”Manuel Bandeira viveu e morreu com as raízes enterradas no Recife.João Cabral continua ligado à cana de açúcar.Drummond nunca deixou de ser mineiro,Vinicius e um poeta em paz com a sua cidade,o Rio.E o único poeta carioca”
Mas ele dizia,nada mais ser que “em labirinto em busca de uma saída”
Drummond descreve,sem conseguir dissimular sua imensa inveja;”Foi o único de nós que teve a
vida de poeta”
Para mim, Vinicius era poeta que cantava, pois, a meu ver, a qualidade poética das suas letras superva a sonoridade de seu canto, embora este também fosse agradável.
Abs
Eu ouvia ontem, na gravação original, o Samba da Benção, que considero uma obra prima, e tive exatamente essa impressão..rs Metade da música é declamada, a outra é cantada, mas mesmo quando cantada, é falada, apesar da boa música de Baden Powel..
Vinicius é um homem genial, como genio um grande poeta, como homem falou um bocado de besteiras também….rs, isso não o torna menos genial.
Vejo com grande pesar, mais uma vez, um distanciamento de nossa música de qualidade, o culto às bobagens do novo sertanejo (argh!), ao new forró (glup!),ao axé (aff!) e à música de periferia, ainda o que temos de mais original e puro como manifestação cultural (aham!), mesmo que ruim demais.
Temos que caçar muito cuidadosamente no meio desse lixo todo, um ou outro destaque de qualidade em nossa música, o que me leva a crer que Vinicius, Chico Buarque, Caymmi, Tom Jobim, pertenceram a última geração de compositores, musicos e poetas musicais que ainda orgulham o Brasil.
Beijos e margaridas na janela